sábado, 13 de julho de 2019

Voltei

Vieira do Minho, Montalegre, Guimarães, o Gerês e o Barroso, ficaram a 450 Km. Comigo trouxe muita saudade e aquela sensação de "última vez" com que agora me despeço dos lugares e das pessoas. E a consolação de que nós (eu e a minha Maria), não devemos ser más pessoas.
Em 2013 estivemos num apartamento, no Algarve. No último dia o proprietário e o namorado (sim, eram gays) fizeram questão de nos levar a jantar fora, por conta da casa. No ano passado estivemos numa casa emprestada, mas fomos de propósito visitar as "nossas bichinhas" lol.

Em outubro de 2014, o ano zero da minha Maria, estivemos numa casa de xisto, no parque de campismo de Coja. A minha Nina ainda estava viva e, apesar de ser proibida a entrada de animais inteligentes nos parques da Federação, o senhor Carlos nunca deu pela presença dela. Fazia-lhe festinhas todos os dias, mas "nunca a viu". No ano passado fomos almoçar ao "Pascoal", em Fajão (outro amigo que fizemos em 2014 e onde voltamos sempre que podemos) e não viemos embora sem ir a Coja, visitar o amigo Carlos. Quando calhar temos de ir lá passar uns dias.

Em 2017 estivemos na Peneda, numa casa de pedra isolada do mundo, numa "Brenda" onde só vive, permanentemente, o senhor Fernando, dono do Restaurante Vale da Poldra. A casa, alugada através do Booking, está ao cuidado do senhor do restaurante e só falámos com o proprietário pelo telemóvel. No regresso, quando vínhamos a chegar ao Porto, o proprietário ligou-nos para nos dizer que o amigo (o senhor do restaurante) o tinha informado que nós fomos as melhores pessoas que tinham estado na casa e quando quiséssemos voltar, nos alugava a casa diretamente, com um desconto. Este ano decidimos mudar de ares, mas não deixei de atravessar o Gerês (3 horas por estradinhas de montanha) para ir à Brenda de Santo António, comer um bacalhau à minhota no Vale da Poldra do amigo Fernando.

Este ano alugámos a casa da mesma maneira. Nunca chegámos a conhecer o proprietário. Quem trata da casa é a tia, a Dona Judite, que hoje se despediu de nós em lágrimas.
- Nunca tive aqui pessoas com quem tivesse tanto gosto de "vizinhar". Apesar de nós estarmos ausentes na maior parte do dia, à noite sentávamo-nos sempre um bocadino na soleira da porta, a falar das nossas vidas (a vizinhar), porque as vidas dos outros não nos interessam.

Não posso dizer que em todos os lugares onde ficámos estava tudo a 100%. Mesmo em nossa casa há sempre algo a melhorar. Mas para nós, habituados ao essencial nos mais de 25 anos de campismo, mesmo uma casa de pedra no cu de judas, desde que seja um local limpo e aprazível, é o nosso hotel de 5 estrelas.
Agora estou num dilema: estou cansado, mas tenho uma proposta para ir de borla para o Algarve. Para a mesma casa onde estivemos no ano passado. Por um lado não quero fazer o papel de pobre e mal agradecido. Mas acabei de fazer 1800 Km (fora os que andei a pé), temos uns assuntos pendentes para resolver até ao fim das férias, temos um batizado e não me sinto com coragem para ir enfrentar a turba, no Algarve. Se a nossa amiga não nos levar a mal, prefiro tirar uns dias no outono, ou na primavera. No Algarve "tássebem" em qualquer altura do ano.

3 comentários:

  1. Nunca fiz campismo, mas acredito que esse lado de comunidade, de partilha e "vizinhice" seja mesmo especial!
    Nada como falar com a vossa amiga e explicar-lhe a situação, de certeza que não vos leva a mal :)

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  2. Obrigada pela partilha, é sempre bom saber para um dia visitar.

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  3. Adoro campismo, é a minha praia, como se diz. Também tenho esse hábito quando vou a sitios, ou olho algo, penso sempre que não volto lá, pancas prontos lol
    Via no outono sim, até porque agora há muito para fazer :)

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