quarta-feira, 11 de outubro de 2017

12-10-07

Era eu um iniciado nesta coisa da "blogolândia" quando dei com este post do amigo Zé do Cão, na época já na casa dos setenta.
Reconheci logo o anúncio, pois, como referi no comentário, na época era ainda um miúdo de 16 anos e frequentador de um café (na verdade o estabelecimento estava registado como leitaria) do bairro, ali prós lados de Sete Rios. O dito cujo tinha feito as delícias da malta que, naquele tempo, não estava muito habituada a ver o vernáculo tão explicitamente escarrapachado nos jornais.
Tal como afirma Zé do Cão, colhões de molas não era muito vulgar encontrar, muito menos com garantia de 10 anos, pelos motivos apontados no texto.
Só a título informativo, reencontrei hoje este texto, numa pesquisa no Google e não resisti a publicá-lo.
Na altura desta publicação (12-10-2007), eu tinha o meu primeiro blog (Rua do Beco) inspirado numa casa que tínhamos comprado numa aldeia a 35 quilómetros de Lisboa e, como é óbvio, sou aquele seguidor que se identifica como "Zé do Beco".
O blog, que foi o primeiro que tive na plataforma dos Blogs do Sapo, ainda transitou para o "Blogger", mas há muito que deixou de existir. Depois dele surgiram tantos blogs e a um ritmo tão frenético, que não me recordo do nome da maior parte deles, nem tão pouco das várias identidades por que fui passando. Ainda existem alguns que me é impossível encerrar, por ter perdido a PW. Foi uma época muito conturbada da minha vida, com as mazelas físicas e psicológicas do cancro ainda presentes em cada segundo do meu dia, onde não havia tempo para o marasmo que, ultimamente, se foi instalando por aqui.
Fiquem então com o texto do amigo Zé do Cão.

12.10.07


Colhões de Molas

.
26 de Junho de 1968, já não recordo o dia da semana, mas Sábado ou Domingo garanto que não era com certeza.
Tinha o hábito de diariamente comprar o jornal “Diário de Notícias” e lia-o de fio a pavio, inclusive os anúncios.
Dava-me prazer fazer esta leitura e chamavam-me a atenção alguns que pela originalidade, dava para fazer trocadilhos.
A batatada no ultramar seguia aquecida e não se antevia fim à vista.
Vejam só, que naquela altura uma viagem à Áustria, de autocarro de 19 dias, acompanhada de Lisboa a Lisboa, custava tudo incluído 8.830$00 – Wagons-Lits Cook
Que, na véspera, na Feira de S. João o José Falcão tinha recebido a alternativa na praça de touros de Badajoz, que tinha sido inaugurada a nova fábrica da Imperial Margarina, tendo sido investidos 130 mil contos e que o desinfectante ZAP, enérgico, activo e eficaz, não deixava os galináceos contaminar-se (fazia falta agora).
Na página de necrologia, vinham publicados um montão de participações de falecimentos de Zulmira, Malhou, Torcato, Fidalgo e outros, gente que nunca tinham tido a oportunidade de ver o seu nome no jornal, partiam para o céu dos pardais, prestando-lhe assim a família derradeira homenagem, satisfazendo o desejo que em alguns até já tinha adormecido.
E então depara-se-me este anúncio. “COLHÕES DE MOLAS”. Próteses dentárias para as mãos, braços, pernas, pés e até pénis, já tinha conhecimento, agora para colhões e de molas, deixou-me apreensivo. Indicava também que tinham garantia por 10 anos, o que não era mau para a época, mas em 10 anos os gajos não enferrujariam? É que a urina ás vezes escorre para lá e o ácido corrói.
Dois dias depois, pressupondo que o negócio já corria com a “naviarra” a velas desfraldadas, decido-me, pego no telefone e ligo para o numero que lá vinha indicado, perguntando se era ali que vendiam colhões de molas, garantidos por 10 anos.
Extremamente pronta uma voz feminina responde-me, “vá pró caralho seu filho duma grande puta, que os únicos colhões que há nesta casa são os do meu marido, que não são de molas e estão garantidos até ao fim da vida e que nunca vendemos aqui no estabelecimento, colhões de molas nem molas prós colhões.”
Pensei com os meus… ões:
Quem me manda a mim fazer trocadálhos dos carilhos...

10 comentários:

zé (do beco) disse...
Amigo Zé do Cão, dessa lembro-me como se fosse ontem.
Eu não comprava o jornal mas lia-o numa leitaria onde a malta do bairro ia ver a televisão. Porque televisão e frigorífico, para esta malta que está habituada a nascer com todos os progressos tecnológicos à roda, até pode ser banal mas para nós era luxo a que só os mais abastados tinham acesso.
O que o anúncio queria vender eram colchões. Só que o "artista" enganou-se nos "tipos" e esqueceu-se do "C" eheheh.
Se bem me recordo, na edição seguinte o erro já tinha sido corrigido e o funcionário deve ter passado um mau bocado.
Sabe bem passar por cá e recordar velhos tempos.
Eram tempos bem difíceis mas acho que se pudesse ainda voltava atrás.
Pelo menos era novo e com saúde.
Bom fim-de-semana.
Ze Barrigas disse...
A Frente de Libertação Caramela,trazida aqui por Zé Barrigas, leu o seu jornal e ficou munto sastesfeita. Agradecemos a sua cumbersa no baldio dos caramelos e só por isso formes cumprar um jerrican de binho pra comemorar cum cuirato assado no meio bidom. O Zé do Cão tá já cumbidado pra tar com a gente na defesa da cultura caramela.
Zé do Cão disse...
meu cáro Zé do Beco:}e tal como dizes.
Também foi verdade o que me disseram pelo telefone. Presumivelmente já fartos dos telefonemas que lhe fizeram. Podes ter a certeza que os artigos sobre "Consulta em Bragança" e os "Carapaus Fritos" e "Merda em dia de futebol" também foram verdadeiros e tenho mais para no futuro postar que também foram verdadeiros. Proximamente será a "Espreita(dela), que me custou 15 de suspensão no emprego.
Quanto a saudades, tenho, tenho muitas, mas o que mais me afecta porque sou muito saudável é ver amigos, amigos de verdade irem partindo. Isso afectamente e olho pró vazio e encontrou cada vez maior. Tento ultrapassar com novas anizades, até que um dia o gajo de vermelho, cornos na testa e uma forquilha na mão me leva pró Diabo que me carregue.
Um abraço, aparece sempre e vai dando as tuas opiniões sinceras sobre o meu humor.
Zé do Cão disse...
Zé Barriga, da Frente de Libertação Caramela, já bibi aí no Concelho, mais propriamente na sede da Caramelandia e foi sempre um home atento ás organizações da colectibidade. Agora estou na terra do Zé Maria da Fonseca e do Berardo, mas gosto mais da pinga do poceirão.
Foi bom ler a bossa 'scrita.
Um abraço
Fernando Fidalgo disse...
Só o Zé do Cão para nos contar histórias destas... A coitadinha da sra. já devia ter recebido "colhões" de telefonemas!!! Não há direito...
Um abraço. Até qualquer dia.
Rei da Lã disse...
Então, Zé do Cão, não se arranja um novo texto?
Zé do Cão disse...
Claro, claro,rei da lã, não sei porquê mas as coisas acontencem-me.
Nos primeiros dias de Novembro vou narrar a espreita(dela)que me custou 15 dias de suspensão no trabalho. Belos tempos e bela juventude, que já não volta. Todavia se comprar uns de mólas talvez ainda sou capaz de fazer uma perninha. Vou pensar nisso. Cuida-te rapaz, para não seres tosquiado.
Rei da Lã disse...
Eu, tosquiado?
Só se for por uma litrada de carrascão!
Capitão Merda disse...
Zé:
Temos então que almoçar um dia destes... desde que sejas tu a pagar!
Ehehehehe!
Não me tomes a sério quanto ao pagamento...
Anónimo disse...
Rolei de rir com essa estória!...ahaha

3 comentários:

  1. Sabes que o Zé do Cão festejou, recentemente, as suas bem-dispostas e bem-parecidas 96 primaveras? :)

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  2. Desculpa. Induzi-te em erro, sem querer.
    Foram 86 as primaveras do Zé Oliveira (do Cão).

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