História deveras engraçada sobre médicos de família

Imagem obtida na net

Porque a minha Maria está envolvida no processo maquiavélico de renovação da carta de condução, só agora percebi que a ideia subjacente à criação do médico de família, não passa de uma aldrabice. Sempre ouvi os políticos elogiarem as vantagens de sermos observados por alguém que, em qualquer circunstância, teria um conhecimento privilegiado da nossa história clínica. Seria vantajoso para o utente e para o sistema, pois evitar-se-iam assim exames e análises desnecessárias.

Seria, porque na realidade, a recente medida criada pelo governo, destinada a minorar os efeitos da burocracia na renovação da carta de condução, com um simples atestado online, deita por terra qualquer das teorias que estiveram na génese da criação da figura do médico de família.

Para começar, aos médicos de família é permitido pedir escusa da obrigação de passar atestados destinados à renovação da carta de condução, com fundamentos, quanto a mim, muito mal explicados.

a) O documento é complexo.

b) Existem pontos que suscitam dúvidas.

c) O governo não deu aos médicos a formação necessária ao preenchimento do referido documento complexo.

Tudo tretas. Ninguém acredita que um fulano que consegue tirar um curso de medicina, não consiga preencher um formulário eletrónico e remeta o utente, cuja história clínica era suposto conhecer melhor do que ninguém, para um médico privado que nunca nos viu mais gordos, que nos despacha numa consulta de 5 minutos, depois das duas ou três perguntas da praxe: 

Usa óculos... tem astigmatismo, ou miopia?

É alérgica a algum medicamento?

A morada é a mesma que está na carta?

Então passe para cá 45€ e vá-se estampar de frente contra o primeiro camião que encontrar na estrada. E se, por acaso, um dia entrar em contramão na autoestrada, porque é uma cegueta do caralho, não diga que fui eu que lhe passei o atestado.

São estas merdas que me retiram qualquer sentimento de culpa por um dia ter acordado com azia e ter deixado a minha querida médica de família a falar sozinha, à porta da sala 11.

Que "safoda". Vá ser médica da família dela.