sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Heróis do mar, nobre povo, nação valente...

Portugal é um país com tendência para valorizar o supérfluo e o fútil, mas esquece as pessoas que são, realmente, os verdadeiros motores que levam esta merda para a frente.
Por exemplo: um atleta de uma modalidade qualquer, às vezes só conhecido das pessoas lá do bairro, ganha uma medalha de cortiça e é logo promovido a herói nacional e recebido de braços abertos em Belém, pelo “Zé das Medalhas” (Marcelo). A justificação mais comum é a de que estes atletas são os nossos embaixadores no estrangeiro e levam o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo.
É verdade, mas os trolhas também espalham o nome de Portugal por esse mundo fora e quem leva as medalhas e as condecorações, são os atletas e o caloteiro do Joe Berardo.
Os atletas passam a vida numa lamuria que chega a ser aviltante para quem trabalha. Sempre a queixarem-se de que o Estado não ajuda.
Meus amigos, o Estado nunca ajuda quem trabalha. Querem ajudas, vão para a bicha, porque os primeiros lugares de acesso ao RSI, estão reservados aos ciganos, essa gente trabalhadora e honrada que tanto contribui para o desenvolvimento do país.
Há dias assistimos a cenas inusitadas protagonizadas por um atleta que, emocionado e com voz trémula de Greta Thunberg, se orgulhava de ter ganho uma medalha aos 43 anos.
- Tenho 43 anos e ainda aqui ando.
Pois é, meu caro marchante, então e os milhares de trabalhadores que ainda aqui andam quase com 67 anos, à espera de ganharem o direito a uma reforma de miséria? A esses, que fazem todos os dias uma maratona de 9 horas por um salário muitas vezes inferior a 600€, ninguém se lembra de dar medalhas nem comendas.

Não quero com isto desvalorizar o esforço dos atletas, mas ser atleta é uma opção; ser trabalhador é uma questão de sobrevivência.
Estas situações lembram-me sempre a anedota daquele bêbedo que entrou na taberna, apontou para os outros clientes e disse:
- À minha esquerda são todos cabrões. À minha direita, são todos paneleiros.
Quando um freguês, indignado com aquela classificação, reclamou, o bêbedo respondeu-lhe:
- Amigo, se não está bem desse lado, mude-se para o outro.

2 comentários:

  1. Um atleta não deixa de ser um trabalhador, simplesmente, escolheu outro rumo para a sua vida

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  2. Trabalho desde os 14 anos e nunca recebi uma medalhita, nem de latão lol
    Essa Greta já chateia.

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