segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Por onde anda este sorriso, Nina?!?!?!

No fim de semana pediram-me para tomar conta de uma cadela com cerca de 5 anos. Foi um animal adotado do canil municipal por uma madrinha empenhada na "saúde mental" do afilhado de 13 anos, um mariquinhas que tinha medo de cães. Não resultou. O mariquinhas hoje tem 18 anos, usa alargadores nas orelhas e não passa cartão à cadela que está entregue aos avós e vive praticamente encerrada num armazém.
Quanto ao mariquinhas, acho que o que ele precisava era de um moçambicano que lhe alargasse o buraco do cu e lho deixasse da largura dos buracos que tem nas orelhas. O puto parece um aborígene da Papua-Nova Guiné.
A cadelinha é um doce, mas muito assustadiça. Não pode ouvir um carro ou uma bicicleta, que fica assustada. Em dois dias consegui fazê-la obedecer à ordem "senta". Faço muitos quilómetros com ela (que estava habituada a atravessar a rua duas vezes por dia) e já começa a "adotar-me" como dono. Hoje entreguei-a à minha Maria enquanto arrumava o carro e ela quase levava a Maria de rastos quando me viu ir embora. 
Amanhã os donos voltam e recomeça a prisão perpétua para um animal que teve o azar de ir parar a uma família de grunhos.
Porém, se algo de positivo se pode tirar desta minha experiência, é a certeza de que não quero mais nenhum cão. O animal que eu queria era a Nina, mas essa já não existe, apesar de eu continuar a ouvir os passos dela pela casa e a vê-la por todo o lado onde vou, porque ela andava sempre comigo. Foram 17 anos de uma cumplicidade como nunca tive com nenhum ser humano. A minha Maria diz-me que eu estou a sentir mais a morte da Nina do que senti a morte da minha mãe. É natural, eu já não vivia com a minha mãe há mais de 30 anos e mal me apercebi da sua morte. Eu estava a morrer em Stª. Maria com uma bactéria resistente, na sequência da operação ao tumor do pulmão, quando a minha mãe entrou com um enfarte. Foi uma fase da minha vida onde existem muitas lacunas e a morte da minha mãe foi algo de que só me vim a aperceber com o passar do tempo. Com a Nina fui eu que tomei a decisão de a levar para a morte, enquanto ela se agarrava a mim e à vida.
Quanto mais convivo com a minha nova amiga de quatro patas, mais convicto fico de que não há um ser ao cimo da Terra que consiga preencher o lugar que a Nina deixou no meu coração.
Amanhã esta nova amiga volta ao degredo, até que numas próximas férias ma voltem a entregar (ou não...), mas a minha Nina nunca mais vai voltar. E "nunca" é demasiado tempo para quem sente o tempo a escoar-se como areia fina, por entre os dedos.

8 comentários:

  1. É verdade, nunca haverá nenhum igual ao nosso patudo.
    Depois da minha cadela morrer (exatamente nas mesmas circunstâncias), não voltamos a ter mais cães. A decisão foi automática, não porque não existisse essa vontade, mas porque é extremamente doloroso voltar a passar por todo este processo. Afeiçoamo-nos de tal maneira aos bichos que custa imenso despedirmo-nos deles.
    Apareceu-nos um gato cá em casa, que nos adotou. Morreu atropelado há quatro meses e, contrariamente com o que aconteceu com a cadela, pensamos logo em adotar outro. Mas acho que temos adiado, precisamente pela sua unicidade.

    r: Mas também já estou a pensar nas próximas ahahahah
    Oh, a sério? Que máximo! Durante as minhas férias, o meu pai também encontrou uma, mas eu já não tive a sorte de chegar a tempo de a ver :/
    Já não consigo entrar devagar na água fria, isto porque a do Lago é bem gelada :p

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  2. O carinho que sentia pela sua cadela é notório e esse espaço agora vazio no seu coração realmente dificilmente vai voltar a ser preenchido, mas no final de contas não era o melhor para ela que eestava a sofrer?

    R: Nem eu disse isso, Sr.Espertinho. Muitas vezes se escolhe mal um par de sapatos, quanto mais a pessoa certa lol
    E isso de "escolher" ou "não escolher" e "pessoa certa" ou "pessoa errada" não deixa de ser relativo e dar um bom tema de conversa...

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  3. És um bom homem.

    Lamento mesmo por essa cadela com os grunhos!!!

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  4. Nunca vais conseguir substituir a Nina, isso é mesmo assim e eu sei do que falas, mas daqui a algum tempo a dor apazigua-se e vais conseguir adotar outro animal. Fica com esse, coitadinho, vá lá, ainda á vão ser felizes os dois, acredita em mim

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  5. Pobre cadelinha! Está a pedir-te ajuda.
    O lugar da Nina nunca vai ser substituído, isso seria impossível mas quem sabe se para esta cadelinha não seria uma salvação e quem sabe para ti também, precisas de novas alegrias!

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  6. claro que nunca nenhum outro cão vai substituir o lugar da nina - e é isto que também é tão bonito nos animais de estimação - mas isso não te pode impedir de teres outro. a nina é a nina e sempre será especial, mas o teu coração tem mais espaço para outro cãozito.

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  7. Pronto, o meu comentário no post a seguir contraria o teu post. Mas continuo a pensar da mesma forma, ainda que entenda que agora essa mágoa não o permita.

    Muita força :)

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