domingo, 7 de janeiro de 2018

Síndrome do rebanho, ou...

... como uma mentira tantas vezes repetida, é tomada por verdade.
Já o disse aqui, mas nunca é demais lembrar, que não me revejo em nenhuma das forças políticas do atual espectro partidário. Para ser mais exato, nem do atual, nem de um passado próximo. Sou geralmente cético em relação ás carneiradas e para mim, a atividade política vive da maior ou menor capacidade dos políticos para formar carneiradas. A "minha Maria" vê nisso uma incapacidade para lidar com grupos de pessoas, eu respondo que é por ter sido criado numa época (salazarismo), em que mais do que duas pessoas era considerado um ajuntamento.
Posto isto e esperando que tenha ficado claro que dou tanto crédito a este governo como dou a qualquer outro, no passado ou no futuro, continuo a ficar impressionado com a facilidade com que as pessoas se deixam manipular e de como a memória é curta. Disso é prova o que se tem passado nos últimos tempos de governo da geringonça, onde a oposição, à falta de argumentos credíveis, se tem entretido a remexer em merda, como crianças remexem na areia da praia. E o mais grave é que, fruto da memória curta e de uma espécie de espírito de rebanho, as pessoas se vão deixando endrominar, como se tivessem perdido a capacidade de pensar pela própria cabeça.
Se reparem, é raro o dia em que os telejornais e os títulos dos "pasquins", não abram com notícias sobre os incêndios do último verão, ou com as longas horas de espera nas urgências dos hospitais. Isto, creio eu, até que não surja a primeira cheia. Desgraçadamente, porque é de desgraças que estou a falar, até a queda de uma árvore, na Madeira, tem servido para alimentar as mentes limitadas da carneirada, bem como o imaginário de uma classe de jornalistas tendenciosos que, muitos deles, mal conseguem assinar o próprio nome sem dar dois erros ortográficos.
Ao presidente da república os portugueses têm a "agradecer" o oportunismo descarardo com que tem virado o rebanho na direção de politiquices partidárias dignas de mulheres-a-dias, com o devido respeito que tenho pela profissão da mulher que foi minha mãe e meu pai. Para quem se diz presidente de todos os portugueses, um pouco mais de sobriedade e menos de trampolinices de comentador da TVI, não lhe ficava nada mal, mas cada um fica com as ações que pratica e a história o julgará melhor do que eu, para quem Marcelo é quem mais tem contribuído para esta noção implantada na cabeça dos pobres de espírito, de que, em Portugal nunca houve incêndios nem esperas nas urgências dos hospitais. Noção também reforçada pelos depoimentos prestados, quase sempre de cara encoberta e voz distorcida, por profissionais que, só quem nunca teve o azar de ser hospitalizado e de verificar o modo displicente como alguns deles passam ao lado daquelas pessoas esquecidas, pode dar crédito ao falso pudor com que agora aparecem na televisão.
Tenham vergonha na cara, porque ainda há portugueses com memória e, quem sabe, um dia destes,  não aparecem nas urgências a reclamar mais atenção daqueles médicos e enfermeiros que veem passar a passear o estetoscópio, sem sequer darem pela presença dos doentes que agora vocês usam como arma de arremesso.

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