segunda-feira, 3 de junho de 2019

Abençoadas greves dos médicos...

... pois são as únicas alturas em que a classe se lembra dos "doentinhos".
Certamente já repararam, nas declarações à comunicação social, que os "doentinhos" são sempre a causa com que o pessoal afeto ao SNS, sobretudo os médicos, justificam a greve.

- Estamos em greve pelos direitos dos "doentinhos", por um atendimento condigno dos "doentinhos" e por um SNS onde os "doentinhos" não morram nos corredores dos hospitais.

Depois a greve acaba e os "doentinhos" são tratados como carros ou eletrodomésticos avariados, que ficam à espera que a "Midas" ou a "Worten" se lembre de mandar uma SMS com o diagnóstico e respetivo orçamento.

Dizem as estatísticas que cada cigarro fumado, equivale a menos 8 minutos de vida.
Ainda estará por fazer uma estatística que diga a quantos minutos de vida equivale cada dia que um doente passa a andar de um lado para o outro, sem destino, ou a dormir com o telemóvel à cabeceira, à espera da chamada prometida, com o resultado daquele exame que tanto pode ser inconclusivo, como ser a "crónica de uma morte anunciada".

Ninguém se lembra de nós, a não ser como justificação para as greves de médicos e restante pessoal da saúde.
Ninguém se preocupa em saber o tamanho do drama que se desenrola dentro da cabeça de doentes que já foram "carimbados" uma vez e sabem que dificilmente se escapa duas vezes ao cancro.

Como dizia uma ex-colega de trabalho, cujo marido ficou esquecido no hospital, pelo médico que o mandou internar:
- Os doentes haviam de morrer todos de repente, a ver do que é que os médicos viviam.

3 comentários:

  1. Infelizmente, é uma realidade transversal, também, à Educação :(

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  2. Quando esta malta que somos todos nós, sair à rua vestida com coletes amarelos, pode ser que alguma coisa mude.
    O sistema só funciona desta maneira até nós querermos!

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  3. Há situações desesperantes é verdade e quem se lixa é sempre o doente, mas ultimamente tenho andado nos hospitais e centros de saúde e devo dizer que respeito imenso o trabalho deles e as condições por vezes tão difíceis em que o fazem....
    É de loucos.

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