quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Condução e ansiedade

É um facto que condução e ansiedade juntas, são duas coisas que têm tudo para dar mau resultado, mas não é de acidentes rodoviários que hoje venho falar. Vou, somente, recorrer à analogia entre as duas como forma de desabafo.
Aprendi a conduzir primeiro em mota e só mais tarde é que comecei a conduzir máquinas de quatro rodas. Por isso, devido à minha experiência, estou ciente de que qualquer cidadão ou "cidadona", antes de obterem a carta de condução, deviam fazer um tirocínio em duas rodas. De preferência de inverno, para perceberem o perigo que é travar em curva. Penso nisto cada vez que vou atrás de uma "abécula" que faz uma curva com as luzes de stop acesas, sinal de que vai a travar. E se a curva for a descer, mais eles/as travam. De mota, sobretudo com piso molhado, travas na curva e estás logo a "malhar" com o corpinho no alcatrão.
E agora perguntam vocês: que raio é que isto tem a ver com a ansiedade (tem a ver e não, como dizem em vocabulário futebolês, "tem a haver")?
Tem a ver que se todas as pessoas fossem "condenadas" a viver um período das suas vidas com uma carga de ansiedade razoável, talvez deixassem de dar palpites no modo como elas acham que um ansioso deve controlar a ansiedade.
É que eu estou cansado se ser visto como um ser chegado de Marte, quando atravesso os meus períodos de maior ansiedade. O que me dizem, em nada contribui para baixar os meus níveis de adrenalina. Pelo contrário, contribuem mais para aumentar a ansiedade. Se já tenho um "problema" que me está a deixar ansioso, para quê juntar-lhe mais combustível? Será que as pessoas acham que sinto prazer naquela dor no peito que se agrava com a ansiedade?
- Um dias hás de morrer por causa dessa mania de sofrer por antecipação.
Mas isto não é mania. Eu não decido quando e porquê vou ficar ansioso.
- Olha, está a apetecer-me ter um ataque cardíaco. Deixa-me lá ficar ansioso.
Não é assim que funciona e é escusado darem-me dicas porque não sou eu que decido quando vou ficar ansioso. É a puta da vida que decide.

A propósito: hoje só me "operaram" as duas lesões na cara (uma na face, outra no nariz). Ao sinal ranhoso da mão, só me fizeram uma biopsia. Só no dia 23 (de hoje a duas semanas), é que decidem o que fazer. O que, na prática, representa mais duas semanas de ansiedade. Não fui eu que escolhi. Se me tivessem dado à escolha, acreditem que tinha escolhido um pontapé nos tomates todos os dias antes do pequeno-almoço.

1 comentário:

  1. Infelizmente, ainda se desvaloriza muito a questão da ansiedade. Já para não falar que muitos acham que é perfeitamente controlável. Tudo bem que há determinados comportamentos/atitudes que podem amenizar, mas ninguém que sofra de ansiedade deseja que ela se manifeste.
    Acredito que alguns só queiram ajudar, mas precisamos de ser mais conscientes

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