segunda-feira, 23 de março de 2020

Estou mais triste que um cão capado

Fiz 68 anos no dia em que entrou em vigor o estado de emergência (19 de março). Até então, não estava alarmado com o "cofidis". A minha Maria até achava estranho que, sendo eu sempre tão stressado, me mantivesse tão calmo. Mas à medida que a pandemia foi alastrando, fui-me apercebendo que sou um doente de alto risco. Não tanto pela idade, porque até me sinto um jovem de 18 anos, capaz de fazer caminhadas diárias de 10 Km. Mas o meu histórico no que diz respeito aos pulmões, não é, de todo, tranquilizador e basta-me apanhar uma constipação e fico com o pulmão direito que, na prática, é pouco mais de meio pulmão, cheio de líquido. Os derrames da pleura já por mais de uma vez, quase me levaram de volta à sala de operações. Por isso estou convencido que se este cabrão me apanhar, as hipóteses a meu favor são reduzidas.
Estou a imaginar a vossa perplexidade com a minha atitude agora e a de há umas semanas atrás. Mas não há contradição com o que disse na altura e o que digo agora. Há certas alturas em que continuo a desejar adormecer e não voltar a acordar. O meu receio não é a morte: é o modo como se morre, e morrer com falta de ar, é algo assustador. Passei por isso naquela fase a seguir à cirurgia, em que apanhei uma infeção hospitalar e não gostava de voltar a passar pelo mesmo. Morrer por morrer, preferia atirar-me da ponte abaixo e acabar tudo com uma lufada de ar fresco nas trombas.
Bom, mas falando de coisas alegres, a minha Maria está a trabalhar em casa e logo na sexta-feira, ficou sem computador (o dela). Numa altura destas, é uma merda e com as ideias dela, de ir no sábado para a Worten (depois de eu ter passado a noite a configurar o meu híbrido para ela jogar no Facebook), é óbvio que uma ideia parva, depois de uma noitada, só podia acabar em discussão.
Ontem resolvemos comprar um portátil, online, na Globaldata e se os tipos forem sérios, amanhã já tem computador. Dela, porque para trabalhar trouxe o da empresa.
Este mês de março começou mal e não sei como vai acabar. No fim de fevereiro deram-me uma porrada por trás e fiquei três semanas sem carro. No acidente rebentaram-me um pneu que o seguro pagou, mas meti os outros três (que já iam com  69000Km) e com a revisão, levei um rombo na carteira. Agora para o computador novo, esvaziaram-me os bolsos, pegaram-me pelos pés e sacudiram-me até cair o último cêntimo. A sorte é que como não posso ir às compras, não preciso de dinheiro. Estou a pagar tudo com cartão de crédito, para pagar no início de maio. Se até lá for infetado e morrer, o BPI que vá receber ao TOTA. eheheh
Pronto, se não voltar a escrever aqui, encontramo-nos noutra vida. Quero reencarnar num cão.
Cuidem-se e não vão passear para a marginal.

5 comentários:

  1. Tens que ter cuidados redobrados.
    Percebo que te sintas em baixo, mas temos que ter esperança, não vamos quinar todos.
    Cuida-te e parabéns.

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    1. Pois... não vamos quinar todos. Só os reformados, porque ninguém me tira da cabeça que isto foi obra do Costa e do Centeno. Mandaram fabricar um vírus na China, para pouparem nas reformas. 👴🏻

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  2. Resguarda-te, por favor!
    Dias melhores estão para chegar, acredito.

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  3. Tens de ter mais cuidados, mas caaalllmaaaaaaaaa que tudo irá passar um dia...

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