domingo, 26 de abril de 2020

Queremos um 1º de Maio só para "Idiotas Úteis"

Uma das fraquezas das democracias, é permitirem, não só, a existência de organizações políticas totalitárias, como permitirem aos fascistas emitirem a sua opinião na casa da democracia. Não consigo imaginar o CHEGA um dia tomar o poder e permitir a existência de partidos políticos, quanto mais que os democratas gozem de liberdade de expressão.
Ora, o que se está a passar por essa Europa fora, é o ressuscitar do fascismo e do nazismo, organizados em partidos que se intitulam, eufemisticamente, de direita.
Eu de política percebo pouco e só conheço, resumidamente, as causas do aparecimento da direita e da esquerda política, durante a revolução francesa, pelo que aprendi nas aulas de história e pouco mais. Mas acho saber o suficiente para perceber que existem ideias democráticas de direita, ideias democráticas de esquerda e ideias antidemocráticas, digam-se elas de direita ou de esquerda, pois para mim não existem ditaduras de direita nem de esquerda. Foram tão perniciosas as ditaduras instituídas na Alemanha, pelo Hitler e na Itália, por Mussolini, como as ditaduras inspiradas na URSS, algumas das quais ainda perduram e são muito bem vistas por alguma "esquerda" portuguesa.
A direita e a esquerda confrontam-se democraticamente. Os ditadores não admitem ser confrontados, a não ser na fase larvar em que se encontram neste momento, aproveitando o jogo democrático para irem invadindo o terreno, quais ervas daninhas e, através do populismo, falarem ao ouvido dos “idiotas úteis”.  Idiotas porque não passam de idiotas aqueles que se sentem representados nos discursos populistas e úteis porque são a força vital usada pelos ditadores na propagação das suas ideias, precisamente por serem idiotas e facilmente descartáveis após a tomada do poder. Nada mais útil à propagação de uma mentira, do que um bando de idiotas.
Não me preocupam as pessoas que pensam de um modo diferente, relativamente a um mesmo assunto. Preocupam-me as pessoas que, sendo incapazes de ter uma ideia própria, difundem qualquer ideia populista, porque a arte dos populistas é agradar aos idiotas.

Durante os últimos dias deixei aqui e no Facebook o mesmo "som" do programa do Bruno Nogueira. Não que seja um fã incondicional de Bruno Nogueira, mas porque, sabendo que é bastante apreciado por pessoas com gosto mais requintado do que o meu, certamente iria atrair gente de diversos quadrantes, o que me permitiria tirar conclusões mais fiáveis sobre este assunto. Gente que, perante uma rábula do Bruno Nogueira, facilmente manifestaria opiniões opostas às que já tinham manifestado sobre um texto escrito por mim.
Confesso que aqui no blog não obtive os resultados pretendidos (talvez porque depois de muitos anos a deixar o blog às moscas, foi feita a seleção natural e só ficaram por aqui as pessoas razoáveis). No entanto, foi no confronto pessoal/familiar, através de partilhas no Messenger e no WhatsApp que obtive mais efeitos do que alguma vez imaginaria.
É espantosa a quantidade de pessoas que julgamos conhecer razoavelmente bem, que manifestam veementemente um passado antifascista (apesar de ser eu que tenho a fama de irascível), mudem de opinião com tanta facilidade.
Sim, se esta polémica não tivesse servido para mais nada, serviu para perceber que também tenho alguns "idiotas úteis" entre familiares e amigos. Idiotas que num dia colocam o Ventura num pedestal de sabedoria e as comemorações do 25 de Abril eram uma afronta ao espírito de sacrifício daquelas famílias que não puderam ir apanhar sol nas praias do cagalhão, ou que, na Páscoa, tiveram que dar meia volta quando já iam de malas aviadas, contaminar os velhotes de que só se lembram duas vezes por ano (no Natal e na Páscoa). Idiotas que no dia seguinte acham o Bruno Nogueira um génio que, num programa radiofónico de escassos minutos, tinha conseguido desmontar a estratégia dos fascistas e hoje acordaram a gritar “25 de Abril, SEMPRE!”.
É nestas alturas que me fazia falta um balde azul cheio de caca e um pano, para esfregar nas trombas desta gente, com quem “Deus, Nosso Senhor” desperdiçou tempo e matéria-prima a meter-lhes uma cabeça em cima dos ombros, quando um tijolo sem buracos (tijolo burro) servia perfeitamente.

Agora fico à espera para ver, da janela do meu T2 no 2º andar de um bairro suburbano, as controversas comparações entre um par de tarjas colocadas nas janelas das Centrais Sindicais a comemorar o 1º de Maio e a proibição de aglomerados nas tradicionais festas dos santos populares.
Pequeninos, mas não tanto...

2 comentários:

  1. É neste género de circunstâncias que revelamos o nosso melhor e o nosso pior!

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  2. Festejar o 25 de Abril ou o primeiro de Maio, que até são datas importantes, não o justifica neste momento.

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