quarta-feira, 22 de abril de 2020

Só duas perguntas, "faxavor"


No próximo dia 25 de Abril vão estar, na Assembleia da República, 78 deputados e cerca de duas dezenas de convidados e jornalistas. Um pouco mais de 100 pessoas, num espaço onde, habitualmente, coexistem 234 deputados e respetivos assessores (uns de calças, outros de saia), dezenas de funcionários da Assembleia (não imagino quantos), agentes de segurança, um rebanho de público nas  galerias, a assistir à tourada, jornalistas e toda uma panóplia de técnicos e pessoal das mais diversas profissões. Calculando por baixo, não serão menos de 400 pessoas as que, habitualmente, trabalham ou coçam os tomates nos corredores de São Bento.
No dia 25 de Abril vão lá estar 100 pessoas, algumas das quais, se morressem, nem fariam uma falta por aí além, e já circula uma campanha sem precedentes e uma petição contra as comemorações do dia da liberdade. Campanha que começa por fazer comparações absurdas com outros eventos, unânime e responsavelmente abolidos ou adiados pela igreja católica, mesmo antes de ter sido decretado o estado de emergência.
Muito gostam os portugueses de tomar para si as dores alheias...

As duas perguntas que gostaria de vos colocar, é se alguém me sabe dizer quantos funcionários das grandes cadeias de distribuição colocam, todos os dias, a vida em risco, por 600 €uros mensais, para que não falte nas prateleiras dos supermercados a minha e a vossa comida e o meu e o vosso papel higiénico?
E, já agora, gostaria de saber se também estão preocupados com esses, ou se só vos inspiram cuidados os 100 deputados e convidados que vão estar, voluntariamente, na Assembleia da República a comemorar o dia de que todos os portugueses democratas se devem orgulhar?
Até porque, se é pelo perigo de contágio, é com eles que muitos de nós estão em contacto, e não com os deputados.
Obrigado.

3 comentários:

  1. Ter dois pesos e duas medidas sempre me fez muita confusão. Ainda pior numa altura como esta!

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  2. Sou completamente contra! não porque nos proibem a nós de estar com muita gente, mas porque se eles apanham o virus vêm para a rua infetar outros.

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    1. "Eles" não andam na rua, mas mesmo que andassem, não traziam o vírus da Assembleia da República, porque o vírus não nasceu na assembleia da república. Só trazem de lá o que para lá for levado.

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