terça-feira, 9 de junho de 2020

As peculiaridades económicas em Portugal

Não tenho bases para dizer que é só em Portugal que a economia tem peculiaridades que me deixam "a bater mal", mas é aqui que vivo e são as nossas peculiaridades que me interessa analisar.
Com certeza muita gente ainda se lembra da crise de 2008/2009 e de como toda a economia se ressentiu, até porque os agentes económicos, que andam sempre atrás de subsídios, faziam questão de nos lembrar todos os dias, que os negócios estavam de rastos. Lembro-me, particularmente, do setor da reparação automóvel, onde os seus representantes faziam a lamúria do costume, sempre que tinham tempo de antena.
Pois é, o negócio estava mau, os clientes não apareciam e, ou o governo dava um subsídiosito, ou as oficinas começavam a mandar trabalhadores para o desemprego. A chantagem do costume.
Porém, Deus nos livrasse de ter uma avaria no carro, pois quando nos dirigíamos às oficinas, que lutavam com ENORMES dificuldades, a resposta era a do costume:
- o quê, um problema de travões? isso nem daqui por três semanas.
Passemos adiante.

Um dos supermercados aqui da minha zona, onde nós íamos às novidades de segunda e quinta-feira, tinha um problema crónico que parecia ter desaparecido com a pandemia, mas que rapidamente voltou ao habitual "deixa andar".
Às segundas-feiras as portas abriam sempre com um atraso de 4/5 minutos. Parece pouco, mas as pessoas que ali vão àquela hora, querem comprar qualquer coisa para o almoço e apanhar o autocarro para o emprego. Autocarro que não espera pelos funcionários do supermercado que chegam atrasados à segunda-feira.
Um dia perguntei à chefe a razão de tais atrasos na abertura, da falta de produtos nas prateleiras e de sacos para o pão e a resposta foi clara e sem margem para dúvidas:
- sabe, às segundas de manhã faltam sempre quatro ou cinco funcionários e nós não conseguimos dar conta do trabalho.
Resta dizer que 90% dos funcionários daquela loja, são oriundos de dois ou três bairros sociais das zonas de confluência de três concelhos (Amadora, Odivelas e Sintra) onde, curiosamente, à segunda-feira o sol só bate ao meio dia.
Ontem, pela primeira vez depois que começou o desconfinamento (gosto muito desta palavra), o referido supermercado voltou ao normal. Abriu com quase 5 minutos de atraso e os funcionários presentes "esfalfavam-se" ingloriamente por manter as prateleiras compostas, enquanto os moradores do bairro social ali ao lado, esperavam que o sol batesse nas janelas por volta do meio dia.

Outra merda que ainda não entendi (deve ser algum problema cognitivo que me afetou por estar tanto tempo em casa) é a razão que levou alguns supermercados a abrirem mais tarde, a encerrarem mais cedo e a meter duas horas de almoço entre as 14 e as 16 horas (foi o que aconteceu nalguns supermercados aqui na zona).
Se a pandemia aconselhava afastamento, tais medidas tinham efeito contrário e as filas para entrar e para pagar, tiravam o ar a qualquer um, mesmo sem o joelho de um polícia estúpido americano, no pescoço. Eu, que fiquei claustrofóbico depois da cirurgia ao pulmão ter corrido mal e salto da cama se a minha Maria entra no quarto e fecha a porta por engano, pela primeira vez tive que fazer de atrasadinho e recorrer à declaração de incapacidade para passar à frente dos outros infelizes que ficavam a olhar para mim de esguelha, porque não tenho nenhum "defeito" visível, como aqueles pais que vão os dois às compras, levam o filho a dormir num carrinho onde só falta o ar condicionado, para serem atendidos à frente de toda a gente.
Agora, que a pandemia nos começou a dar uma folga, o "Coiso Doce", que antes abria às 9:00 e depois passou a abrir às 10:00, há duas ou três semanas começou a abrir às 8:00.
Ou eu ando a comer gelados com a testa, ou estes gerentes de loja tiraram um curso "à pressão" no IEFP.

1 comentário:

  1. São aquelas questões ficam sempre em suspenso, porque nunca ninguém sabe explicar a origem, mas a verdade é que estes fenómenos se repetem. E nem sequer se pode culpar a pandemia ;)

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