terça-feira, 2 de junho de 2020

O tema é recorrente...

Não sei o que se passa na casa dos outros, nem me interessa, pois a minha vida já me dá muito que fazer, mas na minha casa "a minha Maria" não é tratada como a empregada para todo o serviço e, por isso, não tem motivos para chegar ao estacionamento a pensar nas 10 mil coisas que ainda tem para fazer.
Eu nunca ajudei a minha Maria em nada, simplesmente porque não me assumo como seu ajudante. Não temos tarefas definidas para cada um, mas cada um faz o que estiver por fazer. Nós não partilhamos só a cama: partilhamos tudo, incluindo ideias. Se eu, que até já estou reformado e tenho mais tempo livre, achar que a casa precisa ser aspirada, eu aspiro a casa. Se o chão precisar de ser lavado, eu pego na esfregona e lavo o chão. Faço tudo o que for necessário fazer em casa, sem precisar de regras impostas nem de tarefas destinadas. É assim vai para 42 anos e assim continuará até que a morte nos separe.
Se gosto de me "encostar"? Claro que gosto. Quem é que não gosta de ficar espojado no sofá enquanto o outro cumpre as tarefas domésticas? Mas isso, cá em casa, não é uma norma. E raramente tiramos um fim de semana para tratar da casa, porque eu vou fazendo o que posso para chegar a sábado e podermos pegar no carro e irmos laurear a pevide ou, se não nos apetecer sair, ficarmos a procrastinar cada um no seu canto.
E quanto ao estacionamento, aqui também está difícil, sobretudo durante a pandemia, com quase toda a gente em casa. Por isso ela, quando regressou ao emprego, após três semanas em teletrabalho, decidiu entrar e sair meia hora mais cedo e eu, todos os dias desde que esta crise se instalou, saio de casa 10 minutos antes dela chegar e vou procurar um lugar de estacionamento para que ela não tenha que andar às voltas na urbanização. Não faço isto por ela ter 10 mil coisas em que pensar ou que fazer, nem o faço como uma obrigação. Faço-o porque sou assim e porque sou assim, quando vejo as mulheres a lamentarem-se por terem sempre que fazer tudo e pensar em tudo, fico com a sensação de que muitas delas devem ter encontrado os maridos nos perdidos e achados ou, em último recurso, no aterro sanitário.
Nós não andámos à procura um do outro. Já morávamos na mesma rua... 

4 comentários:

  1. Partilham-se sentimentos, a vida, a casa e as responsabilidades. Nem faz sentido ser de outra forma. Não se é apenas um casal no papel, é em tudo!

    [espero bem que esta boca não tenha sido para mim :p ahahahah]

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  2. Andreia, foi para mim :-) Outra Andreia ...


    Oh foi por causa do meu comentário? Não foi intencional, está na genética da mulher, foi isso que quis dizer. Aqui em casa também tenho um companheiro, não tenho nem um criado nem um ajudante :-)

    Quis dizer que por vezes andamos com a cabeça a mil e nem sempre tem de ser por questões domesticas, por mim falo, ás vezes é um projecto, uma mudança, uma receita, e nos faz distrair de coisas que já fazemos mecanicamente...

    Enfim... não venho cá mais comentar... :-)

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    1. Não há problema nenhum. A sério, eu percebo essa atitude da parte das mulheres, pois sei que, infelizmente, há homens que contribuem para que elas estejam sempre de pé atrás. Acho que é genético o facto de homens e mulheres se olharem como potenciais inimigos.
      Talvez a minha reação faça parte dessa pedra que ambos carregamos no sapato. :)

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  3. E é assim mesmo que tem que ser a vida em casal :). Partilhar tudo, incluindo tarefas, não alguém ser apenas o ajudante de outro.
    Beijinhos
    Blog: Life of Cherry

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