domingo, 26 de novembro de 2017

Tão mau que nem faz parte do Euromilhões

Não sou supersticioso, mas há alturas em que desconfio que o número 53 tem qualquer coisa de negativo. Com um intervalo de dois dias, o cancro levou mais dois homens de 53 anos: o ator João Ricardo e o jornalista Pedro Rolo Duarte. Há poucas semanas tinha morrido uma atriz brasileira (Sai de baixo) com a mesma doença e também com 53 anos. Se alargarmos a pesquisa a outras doenças, vamos encontrar muitas figuras públicas que "apagaram o maçarico" aos 53 anos, como o George Michael. Isto porque as figuras não públicas não constam das pesquisas do Google.

Mas o meu ceticismo em relação à superstição acentua-se e a ideia de que todos estes casos não passam de meras coincidências, ganha força quando penso nos meus 53 anos, "comemorados" no hospital, dias depois do relatório da patologia ter confirmado o resultado do exame extemporâneo (exames feitos durante a cirurgia): o tumor no pulmão era maligno. Pequenino (2 cm), localizado (sem metástases), mas maligno.

Os deuses, em quem também não acredito e aquele médico (em quem deixei de acreditar porque me deixava a secar tardes inteiras na sala de espera eheheh) que, do nada, resolveu mandar-me fazer exames só porque sim, ou porque tinha entrado na faixa dos 50, onde os problemas graves começam a surgir, estiveram comigo naquele dia. Mais uns meses e talvez hoje eu próprio fizesse parte da estatística como mais um que tinha "esticado o pernil" aos 53 anos, porque o tempo é fundamental na cura de alguns cancros e o meu foi descoberto numa fase ainda operável.

Coincidências, meras coincidências... afinal, visto à distância de 12 anos, posso considerar-me um tipo cheio de sorte. Sobrevivi para contar como foi, ganhei direito a exames anuais gratuitos, se tivesse paciência para aturar a médica de família (lol), tinha consultas de borla, não pago IRS, estou isento do IUC (selo do carro), fiquei com mais espaço para o meu fígado gordo se expandir e consumo menos oxigénio, o que é muito bom para o ambiente.

Contras? Talvez o facto de a doença nunca me sair da cabeça e me condicionar um pouco qualquer projeto para o futuro. Esta última parte torna-se mais importante na medida em que pretendo viver até aos 500 anos e deve ser deprimente viver os 435 que me faltam, sempre a pensar na mesma coisa. eheheh

5 comentários:

  1. Há coincidências que acabam por ser um pouco assustadoras.
    Vamos lá afastar esses pensamentos e aproveitar os 435 que faltam com grande energia :D

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  2. Pois é, Jota, esse número não dá sorte, mas hoje, apesar de ter rido, já que tu até dos momentos sérios consegues fazer-me rir, fico feliz por ti. Conseguiste passar a barreira do número tão aziago que nem entra na grelha do Euromilhões. :)

    De resto, temos que nos conformar, tive muita pena do actor João Ricardo.
    Lembro-me sempre daquele dia há muitos anos atrás, ou alguns, vá, em que o ouvi numa entrevista na TV, a falar no livrinho de leitura para crianças, que nasceu a partir de uma conversa que teve com o filho, então muito pequeno. O título do livro era: "Queres Namorar Comigo"? Fartei-me de chorar quando o actor explicou a razão da frase. Lindo e comovente. E agora...partiu de vez. :(

    Fica bem Jota, cuida de ti e...da tua 'Maria'.

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  3. Não vale a pena pensar, não é facil, eu sei, mas tentar abstrair é o melhor. Quanto às mortes do Ricardo e do Rolo e outros, são meras coincidências.
    Para que queres viver até aos 500?? ahahahah
    Bom inicio de semana.
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  4. Adorei a expressão "apaga o maçarico" ahah
    Não duvido de que a doença não te saia mais da cabeça. Na verdade, basta que o cancro te leve alguém para que lhe ganhes um medo terrível. É, possivelmente, das coisas de que mais tenho medo nesta vida... mais ou menos pela certeza de que a maior parte de nós vai mesmo passar por isso.

    Contudo, diria que és rijo que chegue para chegar aos 600 anos ahah

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  5. É um número Jota e tu já o venceste. O resto serão coincidências. Abraço

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